sábado, 7 de janeiro de 2012

Chico, Chico, Velho Chico


Rio São Francisco, amanhecer de Buritizeiros


Rio Chico

Chico, Chico, Velho Chico,
nas brumas de tuas corredeiras,
leva para longe as mágoas, marcas do tempo,
seca os olhos marejados,
Velho Chico,
apaga as dores da injustiça.

Chico, Chico, Velho Chico,
onde andarão os teus algozes?
Chico, Chico, Velho Chico.
Maltrapilho e maltratado. Os meus,
Velho Chico,
não me deixam em minhas noites escuras.



Chico, Chico, Velho Chico
tu que por tuas paragens,
albergas a vida e a morte,
desde pré-históricas eras
Amola em tuas pedras,
minhas guerreiras lanças, Cariris.
Dá abrigo e descanso
aos peregrinos de tuas margens.
Ensina-me, da alegria diária,
Velho Chico,
a lenta reconstrução.



Chico, Chico, Velho Chico,
que nem Lula, o imprudente,
fruto de teu fecundo ventre,
deixou de te magoar.
Abrindo tuas veias,
a sangrar tua vida,
Chico, Chico, Velho Chico,
ensina-me a perdoar!


Vem, chaveiro do Velho Chico
abre as cadeias de meu coração,
retira o ódio que a injustiça cravou.
Mas por favor,
deixe intactos a indignação e o orgulho,
como orgulhosas são,
Velho Chico,
as luzes de teu amanhecer.




Chico, Chico, Velho Chico
que abraço de aço te deu o velho Marechal,
dos tempos em que tu eras grande e respeitado,
hoje ainda imponente, mas abraço enferrujado,
Que a decadência da rainha louca,
te traga, mais uma vez, a ternura e a alegria,
Velho Chico,
do humano que em ti carregas.


Chico, Chico, Velho Chico,
com o Vapor e sua força de cem anos,
alivia a carga que me pesa,
carrega, intrépido,
pelas montanhas de encontro ao mar,
Velho Chico,
meus modos de sonhar.


Chico, Chico, Velho Chico
Fonte de vida, praça de guerras,
Foras da Índia, serias sagrado,
Velho Chico,
como a própria vida.



Pirapora/Buritizeiros, 6/2/2010


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