domingo, 23 de dezembro de 2012

Carta aberta a um amigo ateu...

A Nasa detectou uma superbolha brilhante na galáxia-anã Grande Nuvem de Magalhães, vizinha da Via Láctea. Ela está a 160 mil anos-luz da Terra. O brilho intenso acontece porque as estrelas jovens e massivas do aglomerado produzem uma intensa radiação e expulsam matéria em alta velocidade.


Querido amigo,

então é Natal... Como todos os anos, as festas, o fim de ano, as reflexões...
Talvez você tenha razão... Deus pode ser apenas uma ilusão.
Por que seria diferente? Da psicanálise aprendemos que a religião é
aquele suporte emocional, uma muleta para os mais fracos. Desde Auguste Comte, temos esta certeza: o pensamento teológico é o estágio mais infantil do nascimento do pensamento positivo!

Verdade que nestes dias de festa a gente sempre sente um buraco no estômago, como se a vida fosse muito mais do que esta realidade que nos pesa os ombros no cotidiano. Mesmo quando dizemos que tudo se resume à matéria, olhamos o sorrir de uma criança e pensamos que talvez a vida seja mais maravilhosa do que seria de se esperar.

É certo que a dúvida se instaurou de vez quando a gente descobriu que, quase como se fosse um milagre, as constantes físicas estão ajustadas para que o carbono tenha esta incrível mania de criar cadeias longas, que formam aminoácidos, proteínas e DNA's. Claro que tudo é matéria, mas... as vezes a gente até fica na dúvida!

Quando a gente olha os 13,7 bilhões de anos deste Universo, constata que tudo conspirou para que estivéssemos aqui, diante desta nossa incrível aventura, diante deste enorme enígma:  a vida acontece!

Mais incrível ainda: o mundo é compreensível. O espírito humano, tão medíocre em tantos momentos, é capaz de imaginar a criação do Universo, o nascimento das estrelas, o Bóson de Higgs, a distância das Galáxias, o espaço de Planck.

Caro amigo, diante de tudo, como não reconhecer este "milagre"- olha esta palavra teológica pela segunda vez neste texto - da vida.

Querido amigo, Feliz Natal!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Maria parda

Certidão de vovó Licota. Localizada e gentilmente cedida por Carmen Arnoso

Seu nome era Maria.
Simplesmente, Maria.

Era negra, por isto lhe chamaram parda. "p" minúsculo, adjetivo.
O tempo lhe daria o nome de Liberata, mas só quando
o sonho da liberdade lampejasse no horizonte.

Nasceu em tempos de luta e de incerteza.
Fora escrava a sua mãe  (quem poderia me confirmar se o era?) estaria no iato.
Nascida entre  Lei do Ventre Livre de 1871 e a Abolição da Escravatura em 1888.
Teriam seus pais notícia da luta eclodida no Ceará, com a greve dos jangadeiros do Dragão do Mar, que no ano de seu nascimento, em 1881, se recusaram a transportar escravos? Como saber?
 
Sendo parda e escrava, que destino teria então?
A lei estabelecia: seria livre, mas não muito.
Até aos oito anos, viveria com a mãe escrava,
na senzala de seu senhor. Já, de nascimento, teria uma dívida.
Daí em diante sua vida estava nas mãos do senhor de sua mãe.
Poderia ser livre nesta idade e valer a "indenização" de 600$000
ao senhor da senzala onde crescera.
O que faria nesta tenra idade, sem o abrigo da família escrava? Se auto-escravizar como tantos? O que seriam as tais "associações" autorizadas pelo estado brasileiro para utilizar "dos serviços gratuitos dos menores"?

Uma alternativa, poderia ser requisitada pelo senhor de sua mãe a trabalhar por 13 anos, até a idade de 21 anos, para pagar os 8 anos da infância "feliz" na senzala...

Maria Liberata, registrada Maria, parda, mãe de meu pai.

Filha de Maria Amélia, tem registro de nascimento datado de  22 de janeiro de 1881. Talvez, o registro tenha apenas sido forçado pela Lei do Ventre Livre:

Art. 8. § 5.º - Os párocos serão obrigados a ter livros especiais para o registro do nascimento e óbitos dos filhos de escravas, nascidos desde a data desta lei. Cada omissão sujeitará os párocos à multa de 100$000.


Hoje, 130 anos depois, teria direito a participar de cota nas Universidades.

Tardio consolo!

Não ficou na espera, lutou para que seus filhos estudassem e construissem a dura ascensão social da família. Sua força em educar os filhos, deu ao País
uma obra educacional, 6 colégios e o Prêmio Jabuti de 2012: Míriam Leitão.

PS.:  Claro que gerou muito mais frutos na área cultural! Simone e o Brazilian Classical Series em Miami, Beth Leitão e o Bolsa Escola de BH, dentre outros...  


PS II: Com permissão, seguem os comentários de Míriam Leitão:

" Oi Ulisses querido

Estou chorando evidentemente com seu texto sobre a Vó Licota.
Emocionante conjectura. Ninguém sabe ao certo.
Os escravos recebiam nomes das famílias que os possuiam,
ou nomes dados pelos senhores. Por isso a pesquisa é mais difícil.
Sabe-se apenas isso Maria Liberata era parda.
Aí está o fio da meada.
Temos agora também a data de nascimento, o registro forçado pela lei.
A Lei do Ventre Livre tramitou durante seis anos. O Parlamento não queria aprovar, porque considerava que ela ameaçaria a economia.
Vejam vocês, os não nascidos eram ameaças. Que economia era aquela!
A lei foi inspirada por D.Pedro II e defendida no Congresso pelo Marquês de São Vicente. Os argumentos sobre ela e a lei do sexagenário são de ruborizar de vergonha. O pensador e escritor José de Alencar escreveu uma série de artigos
"Novas cartas de Erasmo" em que acusa o Imperador de ameaçar a economia
por tentar acabar com a "Instituição". A tal instituição era a escravidão.

Beijos,  sua irmã
Miriam"


sábado, 24 de novembro de 2012

The life finds a way...

Flor de Pequi
Esta é a frase que mais impressionou Sérgio Abranches no filme Jurassic Park! Talvez não somente a ele, mas a todos que contemplam extasiados os milagres da vida. Meu grande amigo, prof. Cláudio Davide ri de minhas "descobertas". É a sua área de estudos, como pesquisador do Laboratório de Sementes do Departamento de Ciências Florestais da UFLA.
Mesmo assim, registro aqui  mais um deslumbramento no Sítio Águas Claras.


A represa está seis metros abaixo de seu nível. Andando pela praia que se formou, encontro mudas brotando no chão que deveria estar a pelo menos cinco metros de profundidade no fundo do lago! Um Ingá nasce a quase um quilômetro de distância da árvore mais próxima.

Muda de Ingá que brotou a cinco metros de profundidade no Lago de Camargos.
Pequizeiro está ameaçado de extinção em diversos lugares pelo desmatamento. Poupei uma árvore feia, casca enegrecida pelo incêndio há três anos, quase desfolhada. Plantei um Ipê ao lado, e passei a regar a região. Me presenteou com a sua maravilhosa flor de Pequi.  Agora, enfeita o chalé que já está quase pronto.
Pequizeiro florido.
Durante dois anos, sem dar uma flor e quase sem folhas, mantive a Bouganville em um pequeno vaso em Caratinga. Em Lavras, foi enfeitar a frente de minha casa.

Bouganville
Uma imensa voçoroca triste...
Voçoroca
é o berçario de maritacas, que cavaram seus ninhos na terra arrenosa e frágil da Serra de Carrancas.

Ninhos de Maritacas
A velha Copaíba retratada em um post anterior, deixou sua marca e preservou a espécie!
Copaíba jovem lança seus galhos sobre a represa de Itutinga.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Talvez o mundo não seja pequeno...


Mundo visto da Serra de Carrancas. Talvez o mundo não seja pequeno...

Lembranças do fim de semana com Marcos Heleno, Raquel e Nathália, conhecendo as redondezas do Sítio Águas Claras. Marcos é PT desde 1980, da época que participamos da criação do PT. Tá bravo com minha desilusão com o partido.

"Você está jogando a criança junto com a água suja da bacia. Nem todo PT é assim..."

Talvez ele tenha razão. Mas a liderança que protege Dirceu é inaceitável!
Mas é bom conversar com um petista que mantém acessa a chama da indignação e da luta pela justiça social. Muitos por lá já se esqueceram...

Nem a vida um fato consumado!

Bicho grilo que se preze anda de Vitara

Grande amigo de infância!

Cachoeira do Raulino

Cachoeira do Raulino

Condomínio!


domingo, 7 de outubro de 2012

O voto da viúva traída



Hoje é dia de eleições!
Foi a democracia que fez do País o que ele é hoje, mas
como muitos brasileiros que lutaram contra a ditadura militar
e acreditaram no Partido dos Trabalhadores, me sinto nestas eleições,
como a viúva traída.

Da confissão do "roubou mas foi só para pagar as dívidas da campanha" resta a própria confissão do roubo. A Suprema Corte, apesar de todo esforço  dissimulatório dos réus, caminha para uma histórica condenação do cerne operacional e político do primeiro mandato de Lula.

Quem não se lembra da importância José Dirceu na Casa Civil do governo Lula e o tamanho de sua queda. Eu tenho cá prá mim que Lula não só sabia, quanto  participava dando o aval para toda a roubalheira que se instaurou.

O beijo de Lula em Maluf nestas eleições foi, para mim, a foto que comprova a traição da viúva. Talvez nunca tenha havido escrúpulo nenhum. O Lulinha paz e amor foi a criação de marketing para ganhar as eleições, que ganhou realidade no processo de venda da alma ao diabo.

Hoje, pego meu título de eleitor com lágrimas nos olhos, vou à urna depositar meu voto, com a certeza de que é preciso recomeçar. Reinventar princípios. Nossa luta agora será contra a ditadura dos resultados políticos a qualquer preço, contra a ausência da moralidade pública, contra a traição da palavra empenhada no palanque.

E a gente pensava que poderia descansar...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O sertão que aprende a ler...


Fonte:  http://www.portalideb.com.br/

Cláudio Moura Castro disse certa vez, de forma infeliz, que o "Construtivismo é uma hipótese teórica atraente e que pode ser útil em sala de aula. Mas nos seus desdobramentos espúrios vira uma cruzada religiosa claramente nefasta ao ensino"  Já realizei uma crítica ao eminente consultor educacional em outro post neste blog (veja aqui).

Me lembrei dele aqui em Fortaleza ao analizar o gráfico do Ideb de Sobral, sertão do Ceará. O salto impressionante que alçou Sobral a um patamar de Ideb (7,33) muito superior ao índice nacional (ideb 4,7) ou aos índices encontrados na região sudeste, tem boa parte de sua explicação no PAIC - Programa de Alfabetização na Idade Certa.

Iniciativa pioneira originada nos trabalhos do Comitê Cearense para a Eliminação do Analfabetismo Escolar, criado em 2004, o PAIC é fundamentalmente baseado nos teóricos do construtivismo e da psicologia genética que afirmam existir uma "idade certa". Para arrepio de Moura Castro, se olharmos o fluxo escolar, veremos que Sobral tem índice de fluxo 1,00 - 100 % dos alunos aprovados. A iniciativa de não reprovação é parte do esforço que se alinha ao esforço que acontece no mundo inteiro de não deixar nenhuma criança para trás: No Child left behind nos EUA, Every Child Matters Agenda na Inglaterra, são iniciativas para promover equidade educacional e direcionar recursos adicionais para a educação de grupos vulneráveis. O mesmo fenômeno, com muito menor intensidade, se verifica na maioria das cidade mineiras por causa do pioneirismo do programa Ensino Fundamental de  9 Anos, com alfabetização a partir dos 6 anos de idade do governo de Minas. Foi o que se observou em minha cidade natal, Caratinga, no leste de Minas.

Fonte:  http://www.portalideb.com.br/


O fenômeno do Sertão que aprende a ler se espalha pelo nordeste, fazendo com que escolas de Pernambuco estejam entre os melhores índice Ideb do país. Este fato não é reproduzido nem pelas Capitais dos estados, nem por importantes cidades do sudeste. Campinas, cidade sede da melhor Universidade do País, tem uma foto horrorosa no Ideb.

Fonte:  http://www.portalideb.com.br/


Existem mudanças em andamento na educação brasileira. Estamos felizes com o Sertão do Ceará que aprende a ler... mas não podemos permitir que Campinas, da Unicamp, se torne uma cidade de analfabetos!


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Flores e árvores de Águas Claras

No sítio Águas Claras tenho tido o cuidado de não roçar o terreno e a todo momento me surpreendo com novas florações desconhecidas. 


Era um galho seco, nunca me chamou a atenção. De repente, Jacarandá Caroba, uma floração maravilhosa e suas propriedades medicinais.

A beira da estrada, um lilás escuro discreto. A linda Sucupira preta!

Adicionar legenda
Uma árvore comum no meio do verde que sobrou do incêndio há dois anos. Só notei quando, sem nenhuma folha, deu uma floração com fibras brancas. Mês depois, um fruto em bulbo. Um Imbiruçu, mbira açu dos índios. Embira grande! Os índios chamavam de embira tudo do que podiam extrair fibra para artesanato.


Uma velha árvore abandonada, a Copaíba entregue à contemplação do Lago de Camargos. Me faz lembrar o texto bíblico: "E disse às águas: até aqui virás e daqui não passarás!"  Os brancos lhe chamam com o pegagoso nome de Pau d'óleo. Fico com kopaýua do tupi!


Por todo o lado, às margens do córrego intermitente que corta o sítio, a Embaúba brota feliz!


Saco de Carneiro e sua semente de dispersão eólica!

Angico amarelo do reflorestamento cresce em velocidades de eucalipto!
  Abaixo, as que esperam reconhecimento!














 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

GERES: destruindo dogmas sobre a educação

Evolução da proficiência em leitura - Fonte:  Geres 2005

Estudo longitudinal não é fotografia. É o registro cinematográfico da dinâmica do processo de ensino-aprendizagem! O Geres (www.geres.ufmg.br) é, até o momento, o mais amplo estudo longitudinal de avaliação educacional já realizado no Brasil. Sete anos de pesquisa, cinco cidades, quatro classes de escolas (privadas, municipais, estaduais e centros de aplicação associados a universidades federais), 300 escolas e, inicialmente, 21.529 alunos fizeram parte da pesquisa. Foram realizadas cinco "ondas" de avaliação entre 2005 e 2010. O projeto gerou diversas teses e dissertações neste período e acaba de ser publicado um resumo dos principais resultados.

Alguns achados são simplesmente impressionantes e destroem mitos e dogmas de nossa percepção sobre a realidade educacional brasileira.

A escola pública é ruim. A escola privada é boa. Certo? Não necessariamente!

A pesquisa mostra que a evolução do aprendizado nas escolas públicas e privadas é paralela. As velocidades da evolução do aprendizado são comparáveis. Os valores agregados pelo processo educacional são equivalentes em ambas as escolas. O grande problema reside no ponto de partida: os alunos da rede pública iniciam na escola com enorme defasagem em relação aos alunos da rede privada. Condição sócio-econômica, estrutura familiar, ausência de estímulo para leitura na primeira infância são algumas das explicações possíveis.

Os dados para a proficiência em leitura mostram que a escola pública faz o seu trabalho de correr atrás do prejuízo, mas não consegue diminuir significativamente a diferença. Assim, os alunos da rede pública chegam ao fim do primeiro ciclo educacional com defasagem de 1,8 anos/escola em relação aos alunos da rede privada.

A situação é mais complexa na proficiência em matemática. A pesquisa detectou uma desaceleração do aprendizado no segundo ano que compromete a formação dos alunos da rede pública com baixos níveis sócio-econômicos (NSE). Assim, na escala proposta, a diferença dobra nos três primeiros anos!

Evolução da proficiência em matemática - Fonte: Geres 2005

Os dados analisados pelo projetos Geres comprovam uma forte correlação entre o NSE e o rendimento escolar. Este dado, embora não seja surpresa, tem profundas consequências para as políticas de responsabilização e que não estão sendo observadas atualmente. Em especial, demonstram a inadequação do IDEB como índice para caracterizar a qualidade da escola, pois o índice é contaminado por fatores externos à escola. Uma medida educacional  necessária é a que estabeleceria uma mensuração do valor agregado pela escola, o efeito escola.  Entretanto, não existem indicadores e pesquisa educacional nesta área no Brasil. 

O Geres indica os caminhos para uma avaliação adequada da realidade escolar brasileira e, certamente, estará influenciando futuros estudos na área.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Uma casa para o Sanhaço...


A enorme cratera formada pela voçoroca perto do Sítio Águas Claras se tornou um refúgio para o lindo Sanhaço. Também para a Jaguatirica, o Maracanã, o Pato Selvagem, o Tucano....


Como constatei anteriormente, a voçoroca é um obstáculo que dificulta o acesso do homem, do gado e de cachoros. Um paraíso para a vida selvagem!








PS.:  Observações de Lucas Carrara:
"É o Saí Andorinha, nome científico, Tersina viridis. Esse é o macho e o tom de azul varia dependendo da posição em relação ao sol. A fêmea é verde e também tem a mancha clara na barriga. São migratórios e aparecem em muitos lugares nessa época para reproduzir em ocos. São muito briguentos e disputam as cavidades com outras aves."

domingo, 19 de agosto de 2012

Ecological fallacy aplicada à educação


Medir é o sonho de todo pesquisador. Mesmo na área de Ciências exatas, um número puro não diz nada. Imagine na pesquisa em educação!

O IDEB foi publicado esta semana. As planilhas disponibilizadas pelo MEC podem ser verificadas aqui. Mas, uma consulta por municípios pode ser realizada de forma mais interessante no Portal do IDEB da Meritt.


Uma idéia mirabolante é defendida por Gustavo Ioschpe e Revista Veja: afixar o IDEB na entrada de cada escola no País. Veja a polêmica aqui.

Para além da discussão jurídica, vale ressaltar a questão metodológica: o IDEB é um índice muito importante, mas não estabelece uma avaliação confiável da escola e seu desempenho. É uma síntese geral de desenvolvimento sócio-econômico-cultural que carrega em seu interior diversos fatores que fogem ao controle escola e de seus agentes.

Este fenômeno é conhecido desde os anos 50, quando Robinson  definindo o termo Ecological Fallacy mostrou como as generalizações podem viciar irremediavelmente uma análise. Mas parece que continua desconhecido da maioria dos "especialistas em educação". Veja por exemplo aqui.

Trocando em miúdos: para a análise da eficiência de uma escola é mais importante olhar o valor que uma determinada escola agrega a "alunos semelhantes", conhecido como "valor agregado pela escola", do que o valor numérico do desempenho médio dos seus alunos.

Isto se deve à necessidade de se levar em consideração as diferenças das condições sócio-econômica-culturais de diferentes escolas. Diversos estudos têm ressaltado como o ambiente familiar possui uma relevância crucial para o desempenho escolar do aluno. Assim, escolas de tempo integral, com infraestrutura e qualidade docente, talvez seja a única solução para avanços no acesso a educação num País tão desigual quanto o Brasil.

Para ler:

MAY et al.; The Ecological Fallacy in Comparative and International Education Research: Discovering More From TIMSS Through Multilevel Modeling

Robinson, W. S. (1950). Ecological Correlations and the Behavior of Individuals.
American Sociological Review, 15, pp. 351-357.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Basta um dia...


Basta Um Dia

Chico Buarque

Pra mim
Basta um dia
Não mais que um dia
Um meio dia


Me dá
Só um dia
E eu faço desatar
A minha fantasia



Só um
Belo dia
Pois se jura, se esconjura
Se ama e se tortura
Se tritura, se atura e se cura
A dor
Na orgia
Da luz do dia


É só
O que eu pedia
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia


Só um
Santo dia
Pois se beija, se maltrata
Se come e se mata
Se arremata, se acata e se trata
A dor
Na orgia
Da luz do dia




É só
O que eu pedia, viu
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia




PS.: Zygocactus truncatus, Flor de Maio, presente de aniversário que decidiu florescer em agosto!