quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Die Kämpferin vom Amazonas - Marina aos olhos da imprensa alemã



Onde Marina Silva nasceu, normalmente ninguém chega a ser político influente. A mulher de pele negra cresceu com dez irmãos numa família de seringueiros em uma pequena aldeia no interior do estado do Acre, bem fundo na região amazônica. E agora o partido socialista brasileiro a nomeia, por unanimidade, candidata à presidência da república.   


Em caso de segundo turno, existe a possibilidade de que o desejo há muito tempo expresso por Marina se concretize: "Desejo ser a primeira mulher negra, de origem pobre, a se tornar presidente do Brasil".

Ao lado do famoso ativista pelo meio ambiente, Chico Mendes, nos anos oitenta ela se tornou militante também. Sofrendo enorme pressão, lutou desde então pelo meio ambiente e contra o agro-negócio. Marina hoje é por assim dizer a "consciência ecológica" na política brasileira. Além disto, ela é considerada sem escândalos de corrupção, incorruptível e fiel aos seus princípios, características raramente imputadas aos políticos no Brasil.

Por suas convicções ela sacrificou inclusive o cargo de Ministra do Meio Ambiente. O então presidente Lula a chamou em 2003 para o ministério. Inicialmente ela obteve sucesso, por exemplo com a diminuição do desmatamento na região amazônica. Foram criadas reservas naturais e crimes ambientais foram punidos. Entretanto, com o tempo ela se sentiu como a "fachada ecológica" do governo Lula, que priorizou o modelo desenvolvimentista e o crescimento econômico sobre a política de proteção ambiental. Em maio de 2008, Marina ficou desapontada e desistiu: melhor perder o emprego do que o sanidade", disse ela e saiu do governo, e, posteriormente, do PT. A oposição à Marina dentro do governo Lula, aliás, de certa forma, era a sua adversária nas eleições atuais, a própria Dilma Rousseff, a qual, como chefe da Casa Civil do Governo Lula, coordenou o programa de aceleração do crescimento PAC, que previa barragens caras na região amazônica e transposições de rios na região seca do Nordeste.

Assim, a atual presidente Dilma tem todas as razões para temer a candidata desafiante Marina, em especial pelo fato dela ter causado problemas nas eleições de quatro anos atrás, quando obteve 20 milhões de votos como candidata independente.

Marina deve defender as ideias socialistas nas próximas semanas até as eleições, mas deve acima de tudo continuar a defender uma política de proteção ambiental no Brasil.

Tradução parcialmente reduzida do original da Revista Der Spiegel, 21 de agosto de 2014

sábado, 23 de agosto de 2014

Vollkornbrot



O pão nosso
de cada dia...
Que nunca nos falte
Nem tão pouco
a alegria!

Vollkornbrot - Receita alemã
(De www.kochbar.de  com adaptações...)

Ingredientes

  • 375 ml de soro de leite coalhado ou iogurte.
  • 1 colher de chá de sal
  • 1 colher de chá de açúcar
  • 200 g farinha de espelta (trigo vermelho)
  • 150 g farinha integral farinha de espelta (trigo vermelho)
  • 150 g de farinha de trigo integral
  • 100 g de  grãos diversos: muesli, aveia integral, cevada, centeio, flocos de espelta, sementes de girassol, sementes de gergelim e trigo mourisco.
  • 1/2 xícara de água
  • 1 pacote de levedura de padeiro.
Preparação:
  • Juntar todos os ingredientes para produzir uma massa de pão bem homogênia. Junte aos poucos o Leite de coco para ter uma consistência de massa.
  • Deixe a massa coberta por cerca de 45 minutos em um lugar quente.
  • Prepare uma assadeira com papel manteiga ou um tabuleiro de teflon recoberto com farinha de trigo.
  • Pré-aqueça o forno a 200 graus.
  • Em uma superfície de trabalho firme, sove a massa novamente bem.
  • Formar um pão, umedecer o pão um pouco e polvilhar com os cereais.
  • Coloque o pão na assadeira.
  • Asse por aproximadamente 45 minutos.
  • Se você bater no pão de fundo e soa oco, ele está totalmente cozido!
  • Deixe descansar.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A história da foto: Um pai vê seu filho pela primeira vez em liberdade...

Marcelo Netto: um pai vê seu filho pela primeira vez em liberdade...
Naquele dia, não se falou da ditadura, da prisão, da tortura,
das divergências políticas. Naquele dia, uma aura perpassava a todos.

As lágrimas nos olhos estavam secas de alegria.
Todos falavam amenidades, sorriam muito.
O sol azul e o ar limpo depois da última chuva de verão
deixavam uma atmosfera cheia de esperança.

Todos queríamos apenas ficar juntos.
Minha mãe batia palmas de alegria, como ela sempre fazia
quando os filhos estavam reunidos. Descemos a escada onde
seis meses antes eu havia tirado a foto de uma mãe abraçando seu filho.
No quintal, uma parte da área havia sido cimentada, perto
da velha jaboticabeira generosa, de imensas jaboticabas  negras,
doces como mel. 

Pedro e Vladimir ficavam engatinhando pelo chão duro de cimento.
Tiro algumas fotos. Uma restou, a do Pedro,  observando a bola.


Alguns sentaram na borda da cisterna, que ainda
era usada quando o fornecimento de água municipal faltava.

Marcelo Netto era o centro das atenções.
Após mais de um ano preso pelo regime militar,
fora solto. Chegara a Caratinga naquele dia e tinha
seus primeiros momentos de ternura com o filho.
Tomou, desajeitado, o filho nos braços.
Corri para preparar a máquina e não deu tempo.
Jane se aproximou. Ele passou o filho para a Jane e
começou a refazer o laço do cadarço do sapatinho do filho.
Consegui tirar a foto para eternizar o encontro.

Às vezes, palavras são desnecessárias!
Via tudo aquilo calado, com os olhos de um adolescente
descobrindo os perigos desta vida.

Personagens das fotos:  Jane, mãe de Pedro, primo poucos dias mais
velho de Vladimir, filho Marcelo e Miriam.

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PS.: Tardiamente cumprindo a promessa de contar as
histórias das fotos antigas que publiquei em 2011.

Para acessar o post antigo, clique aqui: Fotos Antigas

PS 2:  As fotos foram publicadas no jornal A Gazeta:


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A história da foto do Vladimir

Miriam Leitão e Vladimir Netto
"Não sei se foi no dia em que você saiu do hospital ou no dia seguinte. 
Estávamos todos curtindo a sua chegada.
Eu tinha feito um laboratório de fotografia no porão de nossa casa e comprado uma velha Rolleiflex. Ficava o dia inteiro procurando motivos para fotografar, quando sua mãe pediu que eu fizesse uma foto sua. 
Como não tinha iluminação, ela foi para a sacada da cozinha que descia para o quintal. 
Eu não tinha ainda um ampliador, por isto a foto é do tamanho original do negativo da Rolleiflex! Usei o modo mais primitivo que havia de inverter o negativo: Fiz um sanduíche com o negativo 9 x 9 e o papel fotográfico entre duas placas de vidro.  
Fiquei emocionado quando sua forma foi aparecendo no revelador. A melhor cópia ficou com sua mãe. Eu fiquei com uma que teve pouca exposição à luz e ficou meio clara demais. Esta que digitalizei tantos anos depois..."

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Cuando los Buitres vienen de nuestras propias entrañas



Sorrio, feliz com a lembrança do lindo dia em Buenos Aires!
Chamo o garçon e lhe digo:

"En un sábado soleado
vagando por el Recoleta,
cree que yo estaba en París.
Por la noche,
desciendo por la Avenida Corrientes
yo pense estar en la Broadway.
Cuando entré en el Grand Cafe Tortoni
con sus vidrieras y el belíssimo espectáculo de Tango,
Me aseguré que estaba en Buenos Aires."

Ariel, o garçom, dá uma risada de alegria e comenta:

- Tu eres un poeta!

Tudo em Buenos Aires aponta para o glorioso passado.
O Teatro Cólon, o Palácio das Águas Correntes, Recoleta,
Palermo Viejo! Tudo maravilhoso! Me encanta a simpatia
do povo argentino, sua educação, o respeito nas ruas!

Argentina era o quarto país mais rico do mundo e mais rico que qualquer país da Europa continental no início do século passado.
Hoje, após quase um século de crises, com inflação persistente,
moeda  desvalorizada, na eminência de uma nova recessão,
com uma grave crise pela moratória técnica, o mundo se pergunta,

Como aconteceu a derrocada econômica da Argentina?

The Argentina Paradox: Microexplanations and Macropuzzles -

é o artigo publicado por Alan M. Taylor, do Departmento de Economia
da Universidade da California em fevereiro deste ano.

Sua conclusão: não há uma única razão.

Entretanto, Taylor destaca duas questão de maior relevância:
o isolamento econômico e a derrocada do comércio
exterior e o aumento abusivo de impostos desde a era
do Peronismo.

Participação do comércio exterior no PIB argentino, Fonte: Berlinski (2003), citado por Taylor (2014).
Até a década de 20 do século passado, o comércio
exterior da Argentina correspondia a 80% de sua economia.
A crise de 29 e a ascensão do Peronismo, com toda a sua
carga de nacionalismo, reduzem a participação da
exportação e importação a apenas 20% do PIB argentino
desde a década de 30.

Hoje, com uma reserva cambial de apenas 24 Bilhões
em plena moratória técnica, não é possível
olhar com esperança para os próximos anos.
Cresce nas ruas os protestos contras os Abutres,
Buitres - como são chamados os banqueiros que
possuem créditos da dívida argentina.
assim, a tendência de culpar os
credores pelos infortúnios do País, tão
comuns no Brasil na década de 80/90,
permanece viva na sociedade argentina.

Me pergunto se os Abutres não estão
nas nossas próprias entranhas, em uma visão
simplista que sempre procura explicações
externas para os infortúnios
da realidade latino americana!

PS.:  Link para o artigo: http://www.nber.org/papers/w19924