quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Ano em que minha alfazema não floresceu

Flor de Alfazema em meu quintal, dez. 2014
Foi mais um ano bom!

É bem verdade que as flores de alfazema em meu jardim ainda não floresceram.
É bem verdade que tivemos tragédias.
A literatura está mais pobre depois de perdermos Ubaldo Ribeiro.
A nossa religiosidade mais fraca depois que Rubem Alves nos deixou.
A saudade aperta mais o peito depois que Elmar foi plantar árvores no céu.

Tivemos muitas perdas e passamos por muitas vergonhas neste ano.
No Mineirão merecemos uma lápide: "Aqui jaz o País do Futebol".
A mentira venceu a eleição que nos dividiu.
O País humilhado diante do assalto à Petrobras.
Não pude velejar este ano pois a Cemig e a Agência Nacional de Águas deixaram o lago de Camargos ficar o ano inteiro às secas.
Na Universidade em Lavras, experimentamos as rusgas da intolerância.

Mas a alfazema que plantei em meu quintal venceu a seca e se encheu de bagos.
Florescerá com certeza no ano que se inicia.

Minhas filhas me deram muitas alegrias.
Venceram suas etapas e se projetam para a vida.
Redescobri o amor e gerei um filho.

Foi um ano daqueles de Churchil: Suor e lágrimas, mas sorrimos afinal.

Bom 2015 a todos!!!

sábado, 8 de novembro de 2014

Há 25 anos, a queda do Muro de Berlin




Era um dia ensolarado, de um céu azul, pálido.
Passamos o dia visitando Berlin Oriental, do outro lado do muro que, àquela época, parecia eterno, dois anos antes de sua derrocada.

O fabuloso Pergamon Museum, a Fernsehturm, a imponente Alexander Platz.

Ao entardecer, descansando na região ao redor da Brandenburger Tor, observávamos os militares da Alemanha Oriental em guarda na zona militarizada ao redor do Muro de Berlin. Puxamos conversa com uns adolescentes que estavam na praça.

"Vocês é que são felizes. Vocês têm liberdade. Hoje vocês estão aqui, amanhã estarão do lado de lá, livres. Nós estamos presos dentro destes muros."

O Muro, construído pela Alemanha comunista para impedir a evasão de seus cidadãos em 61, dividia Berlin.

No dia seguinte, ao pôr do sol, eu estava realmente do outro lado do muro, pensando numa frase que li naquele dia pichada no lado ocidental do muro.

"Wer mauert, hat's nötig"

A tradução não consegue dar a noção da força da denúncia: "Quem constrói muros, é porque precisa".

Há 25 anos, caiu o muro de Berlin, símbolo emblemático de que ditaduras
não são eternas, que a ausência de liberdade represada é um motor da história!

Imagens com a trilha sonora do Scorpions.

sábado, 18 de outubro de 2014

Mistério das pesquisas eleitorais


A eleição de 2014 ficará na história como a mais espetacular eleição dos últimos anos, por diversos motivos. Nunca tantas reviravoltas do destino. Nunca tanta imprevisibilidade. Nunca antes na história deste País as pesquisas erraram tanto, como no primeiro turno de 2014.

Nas vésperas do primeiro turno, Datafolha e Ibope apresentavam Dilma com 44% e 46%, Aécio com 26% e 27% e Marina com 24%. O resultado de 41,6% para Dilma, 33,6% para Aécio e 21% para Marina é simplesmente a falência das pesquisas eleitorais brasileiras.

Coloquei um post no meu Face e logo apareceram aquela explicação de sempre: manipulação da rede Globo. Além de ridícula, esta explicação padrão dos militantes petistas é contra toda a lógica. As pesquisas erraram a favor de Marina e Dilma. Se as pesquisas tivessem errado a favor de Aécio, a explicação seria a mesma!!! Falta o mínimo de consistência neste argumento infantil.

Uma possível explicação para erros de até 8 pontos percentuais, muito acima da margem de erro de 2%, está relacionada a duas questões.

As pesquisas de opinião tendem a errar mais quando a volatilidade é alta. Nestes casos as pesquisas conseguem detectar a direção da mudança mas erram feio nos valores estimados. Não conseguem mensurar a dinâmica da evolução do eleitor. Esta explicação está implícita no bordão inútil "se a eleição fosse hoje". Afirmação ridícula e acientífica, pois não pode ser negada nem comprovada!

Entretanto, me parece que temos outra possível explicação: erro de amostragem.

As pesquisas mais confiáveis ouvem tipicamente de 2000 a 10.000 eleitores para identificar o voto de 130 milhões. Para isto, precisam sortear  eleitores nos diferentes estratos que compõem o universo investigado. Normalmente a amostra é estratificada por região geográfica, Unidade da Federação, porte dos municípios e sua natureza. Um perfil de faixa etária e de gênero é utilizado, e os dados são ponderados segundo a proporção de cada cidade na amostra para correta representação das regiões de acordo com o Censo 2010 e os dados de eleitorado publicados pela Justiça Eleitoral.

O que acontece se a ponderação está errada e não leva em consideração os diferentes estratos de opinião que compõem a sociedade? A pesquisa passa a ser um exercício inútil de jogo de números.

Mas o mistério continua no segundo turno. A uma semana da eleição, as pesquisas eleitorais para o segundo se estabilizaram, mas são divergentes.

Datafolha/Ibope falam de empate técnico, com vantagem numérica para Aécio dentro da margem de erro: 

46% para Aécio a 44% para Dilma (Datafolha/Ibope).

Entretanto, acaba de sair a pesquisa Sensus que detecta a estabilidade também, mas em níveis completamente diferentes:  

Sensus/Istoé:  49,7% Aécio x 38,4% Dilma (Sensus/Istoé).

Pesa sobre a Sensus/Istoé a suspeita pelos números, pela baixa confiabilidade e por ser ligado a Clésio Andrade, ex-vice-governador do Aécio.

As pesquisas que serão divulgadas na próxima semana já estão registradas no site do TSE. A seriedade das pesquisas pode ser avaliada pelo número de eleitores entrevistados. A Sensus/Istoé tem pesquisa de 1500 a 2000 entrevistados, número que seguramente não dá para atingir os níveis de confiabilidade que eles estão divulgando. A principal pesquisa do Datafolha, que será divulgada na  quarta-feira, entrevistará 9978 eleitores!

Manipulação de pesquisas com intuito eleitoreiro não é algo que ajude a construir a democracia no país. Esperemos que os institutos de pesquisa acertem desta vez.






quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Die Kämpferin vom Amazonas - Marina aos olhos da imprensa alemã



Onde Marina Silva nasceu, normalmente ninguém chega a ser político influente. A mulher de pele negra cresceu com dez irmãos numa família de seringueiros em uma pequena aldeia no interior do estado do Acre, bem fundo na região amazônica. E agora o partido socialista brasileiro a nomeia, por unanimidade, candidata à presidência da república.   


Em caso de segundo turno, existe a possibilidade de que o desejo há muito tempo expresso por Marina se concretize: "Desejo ser a primeira mulher negra, de origem pobre, a se tornar presidente do Brasil".

Ao lado do famoso ativista pelo meio ambiente, Chico Mendes, nos anos oitenta ela se tornou militante também. Sofrendo enorme pressão, lutou desde então pelo meio ambiente e contra o agro-negócio. Marina hoje é por assim dizer a "consciência ecológica" na política brasileira. Além disto, ela é considerada sem escândalos de corrupção, incorruptível e fiel aos seus princípios, características raramente imputadas aos políticos no Brasil.

Por suas convicções ela sacrificou inclusive o cargo de Ministra do Meio Ambiente. O então presidente Lula a chamou em 2003 para o ministério. Inicialmente ela obteve sucesso, por exemplo com a diminuição do desmatamento na região amazônica. Foram criadas reservas naturais e crimes ambientais foram punidos. Entretanto, com o tempo ela se sentiu como a "fachada ecológica" do governo Lula, que priorizou o modelo desenvolvimentista e o crescimento econômico sobre a política de proteção ambiental. Em maio de 2008, Marina ficou desapontada e desistiu: melhor perder o emprego do que o sanidade", disse ela e saiu do governo, e, posteriormente, do PT. A oposição à Marina dentro do governo Lula, aliás, de certa forma, era a sua adversária nas eleições atuais, a própria Dilma Rousseff, a qual, como chefe da Casa Civil do Governo Lula, coordenou o programa de aceleração do crescimento PAC, que previa barragens caras na região amazônica e transposições de rios na região seca do Nordeste.

Assim, a atual presidente Dilma tem todas as razões para temer a candidata desafiante Marina, em especial pelo fato dela ter causado problemas nas eleições de quatro anos atrás, quando obteve 20 milhões de votos como candidata independente.

Marina deve defender as ideias socialistas nas próximas semanas até as eleições, mas deve acima de tudo continuar a defender uma política de proteção ambiental no Brasil.

Tradução parcialmente reduzida do original da Revista Der Spiegel, 21 de agosto de 2014

sábado, 23 de agosto de 2014

Vollkornbrot



O pão nosso
de cada dia...
Que nunca nos falte
Nem tão pouco
a alegria!

Vollkornbrot - Receita alemã
(De www.kochbar.de  com adaptações...)

Ingredientes

  • 375 ml de soro de leite coalhado ou iogurte.
  • 1 colher de chá de sal
  • 1 colher de chá de açúcar
  • 200 g farinha de espelta (trigo vermelho)
  • 150 g farinha integral farinha de espelta (trigo vermelho)
  • 150 g de farinha de trigo integral
  • 100 g de  grãos diversos: muesli, aveia integral, cevada, centeio, flocos de espelta, sementes de girassol, sementes de gergelim e trigo mourisco.
  • 1/2 xícara de água
  • 1 pacote de levedura de padeiro.
Preparação:
  • Juntar todos os ingredientes para produzir uma massa de pão bem homogênia. Junte aos poucos o Leite de coco para ter uma consistência de massa.
  • Deixe a massa coberta por cerca de 45 minutos em um lugar quente.
  • Prepare uma assadeira com papel manteiga ou um tabuleiro de teflon recoberto com farinha de trigo.
  • Pré-aqueça o forno a 200 graus.
  • Em uma superfície de trabalho firme, sove a massa novamente bem.
  • Formar um pão, umedecer o pão um pouco e polvilhar com os cereais.
  • Coloque o pão na assadeira.
  • Asse por aproximadamente 45 minutos.
  • Se você bater no pão de fundo e soa oco, ele está totalmente cozido!
  • Deixe descansar.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A história da foto: Um pai vê seu filho pela primeira vez em liberdade...

Marcelo Netto: um pai vê seu filho pela primeira vez em liberdade...
Naquele dia, não se falou da ditadura, da prisão, da tortura,
das divergências políticas. Naquele dia, uma aura perpassava a todos.

As lágrimas nos olhos estavam secas de alegria.
Todos falavam amenidades, sorriam muito.
O sol azul e o ar limpo depois da última chuva de verão
deixavam uma atmosfera cheia de esperança.

Todos queríamos apenas ficar juntos.
Minha mãe batia palmas de alegria, como ela sempre fazia
quando os filhos estavam reunidos. Descemos a escada onde
seis meses antes eu havia tirado a foto de uma mãe abraçando seu filho.
No quintal, uma parte da área havia sido cimentada, perto
da velha jaboticabeira generosa, de imensas jaboticabas  negras,
doces como mel. 

Pedro e Vladimir ficavam engatinhando pelo chão duro de cimento.
Tiro algumas fotos. Uma restou, a do Pedro,  observando a bola.


Alguns sentaram na borda da cisterna, que ainda
era usada quando o fornecimento de água municipal faltava.

Marcelo Netto era o centro das atenções.
Após mais de um ano preso pelo regime militar,
fora solto. Chegara a Caratinga naquele dia e tinha
seus primeiros momentos de ternura com o filho.
Tomou, desajeitado, o filho nos braços.
Corri para preparar a máquina e não deu tempo.
Jane se aproximou. Ele passou o filho para a Jane e
começou a refazer o laço do cadarço do sapatinho do filho.
Consegui tirar a foto para eternizar o encontro.

Às vezes, palavras são desnecessárias!
Via tudo aquilo calado, com os olhos de um adolescente
descobrindo os perigos desta vida.

Personagens das fotos:  Jane, mãe de Pedro, primo poucos dias mais
velho de Vladimir, filho Marcelo e Miriam.

____________________

PS.: Tardiamente cumprindo a promessa de contar as
histórias das fotos antigas que publiquei em 2011.

Para acessar o post antigo, clique aqui: Fotos Antigas

PS 2:  As fotos foram publicadas no jornal A Gazeta:


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A história da foto do Vladimir

Miriam Leitão e Vladimir Netto
"Não sei se foi no dia em que você saiu do hospital ou no dia seguinte. 
Estávamos todos curtindo a sua chegada.
Eu tinha feito um laboratório de fotografia no porão de nossa casa e comprado uma velha Rolleiflex. Ficava o dia inteiro procurando motivos para fotografar, quando sua mãe pediu que eu fizesse uma foto sua. 
Como não tinha iluminação, ela foi para a sacada da cozinha que descia para o quintal. 
Eu não tinha ainda um ampliador, por isto a foto é do tamanho original do negativo da Rolleiflex! Usei o modo mais primitivo que havia de inverter o negativo: Fiz um sanduíche com o negativo 9 x 9 e o papel fotográfico entre duas placas de vidro.  
Fiquei emocionado quando sua forma foi aparecendo no revelador. A melhor cópia ficou com sua mãe. Eu fiquei com uma que teve pouca exposição à luz e ficou meio clara demais. Esta que digitalizei tantos anos depois..."

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Cuando los Buitres vienen de nuestras propias entrañas



Sorrio, feliz com a lembrança do lindo dia em Buenos Aires!
Chamo o garçon e lhe digo:

"En un sábado soleado
vagando por el Recoleta,
cree que yo estaba en París.
Por la noche,
desciendo por la Avenida Corrientes
yo pense estar en la Broadway.
Cuando entré en el Grand Cafe Tortoni
con sus vidrieras y el belíssimo espectáculo de Tango,
Me aseguré que estaba en Buenos Aires."

Ariel, o garçom, dá uma risada de alegria e comenta:

- Tu eres un poeta!

Tudo em Buenos Aires aponta para o glorioso passado.
O Teatro Cólon, o Palácio das Águas Correntes, Recoleta,
Palermo Viejo! Tudo maravilhoso! Me encanta a simpatia
do povo argentino, sua educação, o respeito nas ruas!

Argentina era o quarto país mais rico do mundo e mais rico que qualquer país da Europa continental no início do século passado.
Hoje, após quase um século de crises, com inflação persistente,
moeda  desvalorizada, na eminência de uma nova recessão,
com uma grave crise pela moratória técnica, o mundo se pergunta,

Como aconteceu a derrocada econômica da Argentina?

The Argentina Paradox: Microexplanations and Macropuzzles -

é o artigo publicado por Alan M. Taylor, do Departmento de Economia
da Universidade da California em fevereiro deste ano.

Sua conclusão: não há uma única razão.

Entretanto, Taylor destaca duas questão de maior relevância:
o isolamento econômico e a derrocada do comércio
exterior e o aumento abusivo de impostos desde a era
do Peronismo.

Participação do comércio exterior no PIB argentino, Fonte: Berlinski (2003), citado por Taylor (2014).
Até a década de 20 do século passado, o comércio
exterior da Argentina correspondia a 80% de sua economia.
A crise de 29 e a ascensão do Peronismo, com toda a sua
carga de nacionalismo, reduzem a participação da
exportação e importação a apenas 20% do PIB argentino
desde a década de 30.

Hoje, com uma reserva cambial de apenas 24 Bilhões
em plena moratória técnica, não é possível
olhar com esperança para os próximos anos.
Cresce nas ruas os protestos contras os Abutres,
Buitres - como são chamados os banqueiros que
possuem créditos da dívida argentina.
assim, a tendência de culpar os
credores pelos infortúnios do País, tão
comuns no Brasil na década de 80/90,
permanece viva na sociedade argentina.

Me pergunto se os Abutres não estão
nas nossas próprias entranhas, em uma visão
simplista que sempre procura explicações
externas para os infortúnios
da realidade latino americana!

PS.:  Link para o artigo: http://www.nber.org/papers/w19924

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A falta que me fez o pastor Rubem Alves



Nesta semana fatídica, ficamos sem João Ubaldo Ribeiro, sem Rubem Alves e sem Ariano Suassuna. Três imensas saudades. Estive no culto à noite de domingo na Igreja em que Rubem Alves foi pastor por cinco anos e senti um vazio imenso! Me dei conta de que sempre fui bravo com Rubem Alves e finalmente descobri a razão.

Rubem Alves sempre me fez falta como pastor.

Ao ser caçado pela própria Igreja Presbiteriana na época da Ditadura Militar e abandonar o pastorado, Rubem Alves deixou orfãos todos nós que acreditávamos nas suas perguntas, mas não conseguimos acreditar em suas respostas. Assim como Rubem Alves, a minha geração na Aliança Bíblica Universitária, buscamos uma resposta evangélica para a participação na construção de uma sociedade mais justa. Mas ao contrário de Rubem Alves e apesar dos erros da Igreja, sempre acreditamos em uma solução a partir do Evangelho. As palavras doces de Rubem Alves sempre me fizeram bem ao coração, mas sempre me deixaram triste a alma.

Por isto, neste réquiem a Rubem Alves, me volto ao que nos uniu: o amor aos Ipês, a árvore de Lavras, a árvore da esperança, que floresce de forma esplendorosa quando a seca é mais rude, quando a esperança é desesperada.

 Neste ponto, compartilho a definição e os sentimentos do pastor que nunca tive:

"Rubem Alves é um homem que gosta de ipês amarelos..."



"O que tenho sentido? Beleza. Nostalgia. Tristeza. Cansaço. Urgência. A curteza do tempo. Esperança? Sonhei ser um pianista. Mas os deuses tinham outros planos para mim. Gosto de brincar com palavras.
Por isso sou escritor. Escritores e poetas são meus companheiros."




Obrigado, meu querido jardineiro!

domingo, 16 de março de 2014

Enamorados


Assim foi o nosso encontro.

De longe, era apenas um vulto meio colorido, destacando o vermelho da parte inferior de sua cabeça e o amarelo brilhante de suas barbatanas.
As cores vivas floresciam ao longe. O resto do corpo se confundia com as pedras e as algas do recife de corais.

Era um rapaz garboso. Se eriçava todo ao nos aproximarmos, sem se importar com a diferença de tamanho.

Ao aproximar, pude verificar uma companheira, tímida, recatada e discreta.
Escura, com manchas brancas. Ele a envolvia de todos os lados. Sempre se interpondo entre mim e ela.

Ela se escondia na gruta onde estavam alojados. As vezes, quando ele relaxava, ele também entrava na gruta e ela se afastava. Ele a perseguia. Podia vê-lo lambendo o seu corpo. Inicialmente, a impressão era de uma disputa. Pouco a pouco fui percebendo a delicadeza dos movimentos, o clima de romance no ar.

Quando eu me aproximava ele ficava estanque, imóvel, olhos abertos como que mirando-me nos olhos. Aproximei. Coloquei a mão em uma pedra próxima. Ele ficou irado. Me atacou e afastei a minha mão de seu território.



Só depois fui me informar.

Era um adolescente apaixonado, enfeitado para o acasalamento, carinhoso e protetor, defendendo o seu ninho e a sobrevivência de sua espécie.

Um casal de enamorados! Tudo é lindo no fundo do mar!

PS.: Fotos tiradas nos bancos de corais da Praia de Paripueira, Alagoas, em 16 de março de 2014. Não sei ainda a espécie.

PS. II:  O comportamento e as características morfologia me lembram os Ciclídeos de meu aquário, mas não encontrei ainda a espécie deste peixe. 

Licença Creative Commons
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