quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Companheiro...



Companheiro,


tenho saudades de um tempo em que éramos amigos,
em que éramos felizes, em que a vida era lúdica
e plena de possibilidades.

Tenho saudades do tempo em que sonhávamos com a
construção da verdade, com a justiça social,
com a abolição de tudo aquilo que nos oprimia.
Sonhávamos com a derrocada da ditadura militar,
com a vitória sobre  a alienação, sobre a corrupção e o cinismo de Maluf,
a experteza de Toninho Malvadeza, a calhordice de Abi-Ackel, a ignorância de Fiqueiredo e a brutalidade de Garastazú Médici.

Quando, na luta de todos estes anos, perdemos nossa capacidade de sonhar?
Quando foi que passamos a ser condescentes com a corrupção, passamos
a relativizar nossos valores sagrados, valores que aprendemos com nossos pais?
Quando foi que tomamos o partido da mentira e da safadeza
e passamos a rir dos que, como nós um dia, hoje sonham com
a construção da verdade, com a justiça, com a derrubada dos que hoje, no poder, nos traíram e usam o poder para oprimir e se enriquecer?

Quando foi que nossa visão se embotou e nos tornou tão difícil
enxergar a sutil diferença entre a luta por um ideal e o
guerrear pelo poder?

Querido companheiro, quando foi mesmo que nos tornamos cínicos?

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Aylan Kurdi


As ondas calmas da praia de Bodrum, Turquia.
Um menino de três anos morto na areia.
Um soldado da Guarda Nacional turca toma o corpo inerte nos
braços e caminha horrorizado.

O menino tinha um nome: Aylan Kurdi.
Hoje, o maior símbolo de uma primavera Árabe
que se transforma no mais rigoroso inverno.

Para espanto dos ridículos intelectuais brasileiros, que teimam
em culpar o Estado Judeu por todas as misérias do Oriente Médio,
ele foi vítima de uma sangrenta Guerra Civil interna da Síria,
que já dura cinco anos.

A primavera Árabe foi sangrentamente sufocada em TODOS os países Árabes.
Na Síria, os protestos populares iniciados em janeiro de 2011, terminaram com
uma revolta armada infrutífera em março do mesmo ano.
O ditador  Bashar al-Assad se mantem no poder, mas controla menos
de 30% do território. Mais da metade do interior do País  está sobre
o domínio dos terroristas do Estado Islâmico.

A família Kurdi saiu de Kobane, Aleppo, no norte da Syria, na fronteira com a Turquia, onde os Curdos combatem o Estado Islâmico.
Solicitou asilo no Canadá e teve o pedido negado. Partiram por terra, na costa Síria tomaram um barco pequeno e superlotado. Segundo o pai, o barco virou próximo a Bodrum quando todos se levantaram ao mesmo tempo.
Queriam chegar a Kos, Grécia, para entrar no imenso corredor de imigração para a Europa. Poderiam ter chegado a Bodrum por terra, travessando a Turquia pela rota D300. 1.390 Km.

Hoje, o mundo de luto se pergunta, até quando?

Até guando, Alah!                                                                              متى، الله