terça-feira, 25 de junho de 2013

Médicos ou ativistas?



Uma forte gripe, seguida de infecção me levou ao Hospital esta semana. Fui atendido por um médico jovem, competente, em um ambiente de excelente infraestrutura. Após, a consulta, na saída, a semana de protestos de rua e a proposta da Dilma veio à tona no bate-papo final.

O que você acha das manifestações?

"Bom, estão exigindo melhores serviços públicos. Estou de acordo".- ele disse. "Mas veja a solução da Dilma sobre os médicos. Os recém-formados, como eu, não vão para cidades pequenas. Não há infraestrutura adequada para o trabalho. Os salários prometidos são altos, mas você só recebe no primeiro mês. No segundo atrasa, no terceiro você não recebe, no quarto já está sendo dispensado. Políticos muitas vezes utilizam do médico para sua estratégia de eleição."


O governo PT é extremamente prolífero em buscar soluções inverossímeis para os problemas que não conseguem administrar. Na questão da saúde agora propõe a "importação" de médicos estrangeiros. As entidades representativas dos médicos reagiram, inicialmente com argumentos corporativistas, mas rapidamente encontraram as verdadeiras razões que demonstram a fragilidade da proposta do governo.

1) A ausência de investimento em infraestrutura hospitalar. Médico com estetoscópio não vai resolver a carência da área de saúde nas regiões afastadas se não se construir e equipar adequadamente hospitais regionais.

2) A ausência de uma política de pessoal, com concursos e uma carreira que dê perspectiva ao médico

Mas o que me pergunto é se a proposta da Dilma está no bojo de uma grande recrutamento de ativistas sociais, dentro da atual política de perpetuação no poder que está em desenvolvimento pela banda podre do PT. Aquela que defende a PEC 33, para evitar a Marina; a PEC 37, para evitar o Gurgel e o Joaquim Barbosa/ aquela que envia espiões da ABIN para espionar o Eduardo Campos, que, da Secretaria da Presidência da República, contrata caminhões de pneus para serem incendiados e desencadear uma "manifestação popular".

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Catástrofe no ensino básico... na Alemanha!


Por que nossas crianças não aprendem mais a escrever corretamente?
A reportagem de capa e a entrevista interna do número 25/2013 da revista alemã Der Spiegel trazem uma discussão alarmante: a catástrofe ortográfica na educação básica...  na Alemanha!

Catástrofe na educação básica? Nenhuma novidade! Entretanto, duas são as razões que chamaram a minha atenção para a publicação. Primeiramente, a Alemanha é o motor econômico da Europa. Fiquei curioso por saber mais sobre como o País economicamente mais robusto da Europa está discutindo a questão da Educação Básica.

A segunda razão foi que, ao folhear a edição, encontrei uma entrevista relacionada ao tema. O pedagogo Günter Jansen, 73 anos, critica, de forma contundente, os métodos de ensino introduzidos na Alemanha nos últimos 25 anos. Comentando o método de ensino denominado "Ler pelo Escrever" - aprender a ler através da escrita, ele é categórico: "É uma imbecilidade completa".

"Escreva como você fala, o resto você aprende sozinho". "O aluno aprende mais quanto menos sua aprendizagem é dirigida". Esses são alguns princípios básicos que levaram o educador-pesquisador suíço, Jürgen Reichen (falecido em 2009), a propor o que ficou conhecido na Alemanha como método "Ler pelo Escrever". O método, amplamente utilizado no ensino básico na Alemanha, propõe, fundamentalmente, que o processo de aprendizagem da leitura deva ser realizado a partir do incentivo à escrita desde o início. Assim, a criança aprende, inicialmente, como a língua falada é transcrita para a língua escrita, de forma autônoma, com o uso apenas da Anlauttabelle - Planilha de sons, na qual se estabelece a conexão entre letras e sons ou fonemas, por meio de desenhos de animais e coisas do universo infantil. A partir da planilha, o aluno deve criar a sua escrita, dividindo a palavra falada numa "c-a-d-ei-a" de sons ou fonemas.

O método propõe a autonomia da aprendizagem desde o início, demarca a separação entre a letra e o som, e busca evitar a correção e a imposição de qualquer natureza: leitura de textos em voz alta ou ditado - nem pensar!


O professor entrevistado é um crítico ferrenho do método e suas palavras são (como em geral quase tudo na língua alemã) de uma clareza cristalina.

Perguntado sobre o que ele achava do Método, Jansen responde:

"Creio que o método não tem nenhum valor. As hipóteses fundamentais desse método estão erradas. O professor Reichen parte do pressuposto de que as crianças seriam capazes de recriar o processo de transcrição escrita da língua. Para isto devem inicialmente escrever da forma que se fala. Um absurdo! Erros ortográficos constantemente repetidos, que não são corrigidos pelos professores durante um até três anos seguidos, são internalizados. A criança é pré-programada para o erro. Então, a partir do segundo ou terceiro ano, ensinar a grafia correta das palavras, desconstruindo os erros sedimentados em um processo de aprendizagem caótica da escrita, é extremamente difícil. Um neurocientista sabe: desaprender rotinas estabelecidas é difícil ou quase impossível."

Sobre o uso da Anlauttabelle, Jansen é categórico: "Não há a menor possibilidade de dar certo". Ele argumenta que não há uma relação biunívoca entre sons e letras. Segundo o entrevistado, em alemão existem mais de 4000 sons que precisam ser transpostos para a linguagem escrita, o que é impossível de realizar-se com o número restrito de letras do alfabeto.

"A Anlauttabelle só serve para o aluno que já sabe escrever", afirma Jansen.
Jansen defende a necessidade de uma intervenção pedagógica mais dirigida, desde a escolha de letras e sons "mais estratégicos" para o processo de aprendizagem. Critica a visão do "Liberar a criatividade" sem a busca pelo padrão culto da língua. Em sua visão, este método tem causado maior prejuízo aos alunos de escolas de periferia, que vivem em um ambiente cultural de menor letramento, como nos bairros de imigrantes. 

O objetivo de ambos educadores é o mesmo: criar um ambiente de aprendizagem criativo e que o processo seja desafiador e alegre para a criança. Entretanto, traduzir esse objetivo em uma metodologia de trabalho didático continua sendo um grande e renovado desafio a todos os professores.

Aprender a ler é o grande desafio!

Referência: Der Spiegel - 25/2013

terça-feira, 18 de junho de 2013

Porque sou contra as manifestações

Manifestação em Viçosa, MG

Nestes últimos dias tenho visto pessoas do bem defendendo as manifestações de protesto difusas que estão em curso no País. Digo difusas, porque não vi uma pauta de reivindicações. Se fosse apenas os R$ 0,20, os manifestantes em São Paulo se dirigiriam ao Gabinete do Haddad e não ao Palácio dos Bandeirantes.

A incoerência e inconsistência do movimento é imensa!

Não adianta dizer que é uma minoria que está fazendo baderna: não vi nenhum manifestantes "pacífico" tentando impedir o ataque à ALERJ, a depredação do patrimônio público no Rio, os saques nas lojas e caixas eletrônicos ou a queima do Versailles do Fabrício Ferreira, o funcionário da Manchete que viu seu carro ser queimado.

Assim, gostaria de expressar o porque sou contra as manifestações.

1) Porque a reivindicação de Passe Livre é um absurdo jurídico e não é reivindicação de direito. Se o fosse, comida grátis e casa grátis também seriam.

Nem todas as coisas desejáveis são direitos. Direito é Educação e Saúde e, se a sociedade brasileira garantir isto aos seus filhos, eu estarei muito orgulhoso!

2) Porque a reivindicação de Passe Livre é um absurdo econômico. O que os manifestantes sugerem? Um aumento de impostos? O que viabilizaria o custeio? De onde sairia a verba? Note que mesmo "zerar" o lucro dos empresários (sic) não permite o Passe Livre. A conta não fecha.

3) Porque se este movimento fosse coerente, Fora Dilma, NÃO à PEC 37, Fora Dirceu e demais mensaleiros, Em defesa do Ministério Público, Em defeda do Supremo, etc, deveriam ser as palavras centrais de ordem. Nada mais urgente neste País do que eliminar a corrupção instaurada no Governo Federal e proteger as instituições de direito.

4) Porque o aumento da passagem de ônibus em São Paulo, eventual razão alegada para os protestos, foi definido pelo Fernando Haddad, filhote político de Lula, e os manifestantes evitam/mentem ao desviar o foco para a ação da polícia.

5) O que se viu ontem, na ALERJ e no Palácio Bandeirantes é algo que ameaça a democracia. E acho que os jovens, os bem intencionados que participam do movimento, não sabem o que é a perda das liberdades democráticas.


Tortura Nunca Mais!

sábado, 15 de junho de 2013

Conversando sobre Brasil e Alemanha




Certa vez, na Alemanha, tive um papo com o meu amigo Helmut Junge. Ele falou:

"Para que o Brasil precisa de aeroporto?!" 

Soltei a maior gargalhada e disse: "Você não tem ideia das dimensões do País!"   

Lembrei-me deste fato esta semana quando estava voltando em longa viagem de dezessete horas de Belém para Lavras.

Toda conversa tem seu contexto! Na verdade, o Helmut Junge falou esta frase em meio a uma de muitas conversas interessantes que tivemos sobre os problemas do Brasil naqueles idos 80. Helmut é um militante e dizia de como o Brasil precisava resolver a questão da miséria em meio a tanta riqueza. E ele estava certo. Só lembrei deste fato agora por causa do caos dos aeroportos no Brasil nesta véspera de Copa do Mundo.

Não acabamos com a miséria, mas ainda precisamos de muita infraestrutura!

Mas em seus comentários à minha provocação ele expressou algumas coisas que creio que seja de interesse de outras pessoas que gostariam de saber qual a visão se tem do Brasil lá fora.

Transcrevo suas palavras: 

"Weißt du, wir hier in Deutschland haben schon lange nicht mehr solch eine Weltsicht. Also, wir Deutschen sollten bescheidener sein.Von außen wirkt Deutschland reich, aber innen haben wir eine sehr ungleiche Verteilung des Reichtums. Es gibt hier sehr viele Leute, die arm sind. 50% der Bevölkerung hat 10% des Einkommens! Aber die oberen 10% haben fast 80% des Einkommens.Korruption haben wir auch sehr viel.Da werde ich später mal mehr drüber schreiben."


Traduzindo:
 "Sabia que nós aqui na Alemanha há muito não temos mais esta visão de mundo? Além disto, deveríamos ser mais humildes. De fora, tem-se a visão de uma Alemanha muito rica, mas internamente temos uma divisão de riquezas muito desigual. Existem aqui muitas pessoas que são pobres. 50% da população possui apenas 10% da renda! Mas os 10% da classe mais favorecida detêm quase 80% destas rendas.  Corrupção temos também e muita. Devo escrever mais sobre isto mais tarde."

Parece até o Brasil, né?!
Quem sabe, Brasil e Alemanha não tenham muito que aprender um com o outro.