domingo, 29 de janeiro de 2012

Neruda, Canto LXXXIX

de tarde...

Desfazendo as malas, entre os gêneros de primeira necessidade, encontrei Neruda, 100 Sonetos de Amor, aberto no canto 89:
 
LXXXIX

Quando eu morrer, quero tuas mãos em meus olhos:
quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim seu viço:
sentir a suavidade que mudou meu destino

Quero que vivas enquanto eu, adormecido, te espero
quero que teus ouvidos continuem ouvindo o vento
que cheires o amor do mar que amamos juntos
e que sigas pisando as areias que pisamos juntos

Quero que o que amo continue vivo
e a ti amei e cantei sobre todas as coisas
por isso, segue tu florescendo, florida

para que alcances tudo o que meu amor te ordena
para que passeie minha sombra por teu pêlo
para que assim conheçam a razão de meu canto

pela manhã...

PS.:  Tinha as fotos das Orquídeas do Campo para um texto que deveria chamar: "Para mim basta um dia..." Duram apenas 24 horas. Depois é até difícil de achar o talo onde elas floresceram!

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindíssimo!!! Ulisses, em espanhol fica mais lindo ainda, creia! Gracias por tu sensibilidad!