domingo, 23 de maio de 2010

Inocente útil

A polêmica da semana foi a questão do acordo do Irã.

Em entrevista à jornalista Miriam Leitão, Felipe Lampréia afirma não ter dúvida de que o objetivo Iraniano é a bomba atômica. Veja a entrevista aqui.

Os inocentes do Itamaraty ainda comemoravam a assinatura do acordo, e o porta-voz do Ministério do Exterior do Irã, Ramin Mehmanparast , afirmava em Teerã que o Irã não deixará de enriquecer urânio em seu território. Neste caso, fica a pergunta: que ingenuidade é esta da política externa do Brasil? Para que serve este acordo? A resposta parece ser: para acelerar a produção da bomba atômica pelo Irã.

Em artigo na revista alemã Der Spiegel, o jornalista Ulrike Putz chega a ver semelhanças entre o programa nuclear do Brasil e do Irã, chegando a afirmar que "acredita-se que o Brasil tenha um programa de Bomba Nuclear secreto".

É o ônus que vamos pagar por associar a imagem do País à posição belicosa do Irã. Afinal, se eles negam o Holoscausto é por que querem repeti-lo.

Tendo morado por cinco anos na alemanha, conheço um pouco a forma mal informada/intencionada com que a imprensa de lá trata o Brasil. Vejam a seguir minha carta à redação do Der Spiegel sobre a reportagem:

"Me parece uma irresponsabilidade, a forma como o jornalista Ulrike Putz da revista Der Spiegel fornece informações falsas sobre o Brasil neste texto. Somente a afirmação de que o "programa nuclear brasileiro e do Irá são quase idênticos" e "acredita-se que o Brasil possua um programa de armas nucleares secreto" é, no mínimo, indigna da tradição da revista Der Spiegel.

É verdade que o Brasil desenvolve um programa nuclear, não sem a participação da Alemanha. Mas o Brasil consolidou dois pontos relevantes sobre o tema na sua Constituição da República de 1988, após a Ditadura Militar.

Em primeiro lugar, estabelece que o programa nuclear brasileiro é um monopólio estatal, que deve ser autorizado pelo parlamento. O que significa que estabelece um grau de transparência. Em segundo lugar, estabelece que todo e qualquer uso da Energia Atômica e manuseio de combustível nuclear em território brasileiro somente pode ocorrer para fins pacíficos. Assim, este compromisso é mais forte do qualquer manifestação infantil de opinião pelo desenvolvimento de armas nucleares como a feita recentemente pelo vice-presidente da República, José Alencar.

Portanto, de onde o jornalista inferiu a semelhança entre a situação do Brasil e do Irã?

Entretanto, o que nos perguntamos aqui no Brasil é exatmente isto: o que governo Lula tem haver com o Irã para se colocar como advogado de um delírio atômico de um País belicoso como o Irã. Isto está sendo discutido de forma acalorada por aqui e nós brasileiros teremos de arcar com o ônus deste debate interno.


Texto em alemão:

"Es scheint mir sehr unverantwortlich, wie der Journalist Ulrike Putz von Der Spiegel falsche Information über Brasilien im Texte widergibt. Allein die Behauptung, "Brasiliens Atomprogramm dem iranischen ähnelt ... und wird verdächtigt, ein geheimes Waffenprogramm zu betreiben" , sei mindestens unwürdig der Tradition dieser Mediengruppe

Brasilien treibt zwar ein Atomprogramm, nicht zuletzt mit deutscher Teilnahme. Aber, Brasilien hat in der Verfassung von 1988, nach dem Militärdiktatur, zwei Punkte festgelegt, die von bedeutung sind.

Erstens, das brasilianisches Atomprogramm ein statliches Monopol ist, die durch das Parlament genehmig wird. Daß heißt, es gibt Transparenz. Zweitens, alle Verhandlung mit Atomenergie oder Atombrennstoff "auf brasilienischer Boden" ausschließlich für pazifisches Zweck sein muß.
So, das ist stärker als alle blöde Meinungsvertretung für die Atombewaffnung, wie letzlich von Vize-präsident José Alencar vertrete war.

Woher hat der Journalist die Vergleichung mit iranischen Atomprogramm festgestelt?

Was wir uns hier in Brasilien fragen ist genau das: was unser Regierung überhaupt mit Iran zu tun hat, daß es sich als Verteidiger eine kriegsbereites Land wie Iran bei ihr Atomwahnsinn bereitstellt? Aber genau das wird hier hektisch diskutiert, und damit werden wir uns klarkommen müssen."

3 comentários:

Anônimo disse...

A questão do Irã é puro cspricho de Lula! Ponto.

Anônimo disse...

Lula usa isso para seu governo, gerando mais propaganda de como o seu governo e do PT fez com que o Brasil fosse mais respeitado (e seria independente do governo, era uma questão de tempo) e que a continuidade depende de Dilma, e obviamente, também usa isso para sua campanha pessoal a qualquer prêmio ou cargo internacional que almeja.

O limite de Lula é seu ego, portanto, ele ainda vai querer muito para si.

Quanto ao acordo, pelo que tenho visto, basicamente é o que já se havia proposto ao Irã, alterando apenas alguns pontos. Mas cumpri-lo que será a questão? Será que o Irã ira cumprir? Sei não...

Trainsppotting disse...
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