segunda-feira, 26 de abril de 2010

Perdoa-lhes, eles não sabem o que é Educação...

Para além do marketing político, vamos aos fatos.

Procurei, na longa entrevista do candidato Serra à revista Veja, a sua proposta para o desenvolvimento do País. Ele não menciona educação. A não ser numa vaga alusão "às oportunidades" desejadas pelo povo brasileiro, nem sequer ficamos sabendo o que pensa o candidato sobre as mazelas da educação no País.

Fica faltando tudo: Qual é a sua visão de educação? Quais são os problemas da educação brasileira e como superá-lo? No vácuo, fica a impressão que teremos outra era Paulo Renato: a política de destruição da universidade pública brasileira a troco de absolutamente nenhuma proposta real. Na era Paulo Renato/FHC tentou-se construir a falácia: Vamos investir no ensino fundamental. Não houve avanços na qualidade da educação fundamental, mas houve a deteriorização da universidade pública. O pior é o que o governo Serra fez e está fazendo com a educação no Estado de São Paulo, onde a rede pública fez uma das maiores greves dos últimos anos. A revolta atingiu a maior universidade pública do País, a USP. Ou seja, Serra é um gigantesco avanço para a idade média!

Bom, e a Dilma.
Em um artigo na mesma edição da revista, ela centra no desenvolvimento da educação a sua única proposta real para "continuar o ciclo virtuoso" de desenvolvimento do País. Ponto para Dilma? Poderia ser se, ao reconhecer o caráter central da educação para a solução dos problemas do País, houvesse alguma proposta real de política pública para melhoria do ensino no País. Seu único compromisso: Inclusão Digital. Ora, mesmo sendo a inclusão digital algo de extrema relevância, não há como defender que este é "o problema" da educação no País. Isto é uma abordagem demagógica de quem não tem proposta ou vontade política de atacar o problema real da educação no País. Afora o slogan do Derek Bok, nenhuma proposta real para o ensino no País. Até mesmo a educação a distância foi solenemente esquecida

Fiquei pensando: Por que não um plano de carreira para o ensino fundamental que premiasse a titulação acadêmica e a formação continuada com salário? Na Europa, professor do ensino fundamental possui mestrado (a graduação na Alemanha equivale ao mestrado no Brasil) ou doutorado e esta é a tendencia no Mundo. Somente um professor melhor capacitado poderá melhorar a educação. O professor só vai melhorar a sua formação se houver incentivo... Assim, ou formulamos uma política de qualidade na educação, que passe pela formação docente ou vamos administrar a ignorância.

Fica a impressão que a Dilma decorou o slogan do ex-Presidente da Harvard University, mas ainda não o internalizou:

"Se você acha que a educação é cara, tenha a coragem de experimentar a ignorância" - Derek Bok.

Pelo jeito, nos restou a ignorância.

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo.

Acredito que nosso país tem bons políticos, mas poucos Estadistas. O problema não é só dos presidenciáveis, mas do nosso congresso, dos nossos governadores e prefeitos.
Poucos têm um olhar pragmático e estratégico para análisar o país e fazê-lo avançar no que se refere a "educação".

Gustavo Leitão