Evolução da proficiência em leitura - Fonte: Geres 2005 |
Estudo longitudinal não
é fotografia. É o registro cinematográfico da dinâmica do
processo de ensino-aprendizagem! O Geres (www.geres.ufmg.br) é, até o momento, o mais
amplo estudo longitudinal de avaliação educacional já realizado no
Brasil. Sete anos de pesquisa, cinco cidades, quatro classes de escolas (privadas, municipais, estaduais e centros de aplicação associados a universidades federais), 300 escolas e,
inicialmente, 21.529 alunos fizeram parte da pesquisa. Foram realizadas cinco "ondas" de avaliação entre 2005 e 2010. O projeto
gerou diversas teses e dissertações neste período e acaba de ser
publicado um resumo dos principais resultados.
Alguns achados são
simplesmente impressionantes e destroem mitos e dogmas de nossa
percepção sobre a realidade educacional brasileira.
A escola pública é
ruim. A escola privada é boa. Certo? Não necessariamente!
A pesquisa mostra que a
evolução do aprendizado nas escolas públicas e privadas é
paralela. As velocidades da evolução do aprendizado são
comparáveis. Os valores agregados pelo processo educacional são
equivalentes em ambas as escolas. O grande problema reside no ponto
de partida: os alunos da rede pública iniciam na escola com enorme
defasagem em relação aos alunos da rede privada. Condição
sócio-econômica, estrutura familiar, ausência de estímulo para
leitura na primeira infância são algumas das explicações
possíveis.
Os dados para a
proficiência em leitura mostram que a escola pública faz o seu
trabalho de correr atrás do prejuízo, mas não consegue diminuir
significativamente a diferença. Assim, os alunos da rede pública
chegam ao fim do primeiro ciclo educacional com defasagem de 1,8
anos/escola em relação aos alunos da rede privada.
A situação é mais
complexa na proficiência em matemática. A pesquisa detectou uma
desaceleração do aprendizado no segundo ano que compromete a
formação dos alunos da rede pública com baixos níveis
sócio-econômicos (NSE). Assim, na escala proposta, a diferença
dobra nos três primeiros anos!
Evolução da proficiência em matemática - Fonte: Geres 2005 |
Os dados analisados
pelo projetos Geres comprovam uma forte correlação entre o NSE e o
rendimento escolar. Este dado, embora não seja surpresa, tem
profundas consequências para as políticas de responsabilização e
que não estão sendo observadas atualmente. Em especial, demonstram a
inadequação do IDEB como índice para caracterizar a qualidade da
escola, pois o índice é contaminado por fatores externos à escola. Uma medida educacional necessária é a que estabeleceria uma mensuração
do valor agregado pela escola, o efeito escola. Entretanto, não existem indicadores
e pesquisa educacional nesta área no Brasil.
O Geres indica os caminhos para uma
avaliação adequada da realidade escolar brasileira e, certamente, estará influenciando futuros estudos na área.
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