Rio São Francisco, amanhecer de Buritizeiros |
Rio Chico
Chico, Chico, Velho
Chico,
nas brumas de tuas
corredeiras,
leva para longe as
mágoas, marcas do tempo,
seca os olhos
marejados,
Velho Chico,
apaga as dores da
injustiça.
Chico, Chico, Velho
Chico,
onde andarão os teus
algozes?
Chico, Chico, Velho
Chico.
Maltrapilho e maltratado. Os meus,
Velho Chico,
não me deixam em minhas noites escuras.
Chico, Chico, Velho
Chico
tu que por tuas
paragens,
albergas a vida e a
morte,
desde pré-históricas eras
Amola em tuas pedras,
minhas guerreiras
lanças, Cariris.
Dá abrigo e descanso
aos peregrinos de tuas
margens.
Ensina-me, da alegria
diária,
Velho Chico,
a lenta reconstrução.
Chico, Chico, Velho
Chico,
que nem Lula, o
imprudente,
fruto de teu fecundo
ventre,
deixou de te magoar.
Abrindo tuas veias,
a sangrar tua vida,
Chico, Chico, Velho
Chico,
ensina-me a perdoar!
Vem, chaveiro do Velho
Chico
abre as cadeias de meu
coração,
retira o ódio que a
injustiça cravou.
Mas por favor,
deixe intactos a
indignação e o orgulho,
como orgulhosas são,
Velho Chico,
as luzes de teu
amanhecer.
Chico, Chico, Velho
Chico
que abraço de aço te
deu o velho Marechal,
dos tempos em que tu
eras grande e respeitado,
hoje ainda imponente,
mas abraço enferrujado,
Que a decadência da
rainha louca,
te traga, mais uma vez,
a ternura e a alegria,
Velho Chico,
do humano que em ti
carregas.
Chico, Chico, Velho
Chico,
com o Vapor e sua força
de cem anos,
alivia a carga que me
pesa,
carrega, intrépido,
pelas montanhas de
encontro ao mar,
Velho Chico,
meus modos de sonhar.
Chico, Chico, Velho
Chico
Fonte de vida, praça
de guerras,
Foras da Índia, serias
sagrado,
Velho Chico,
como a própria vida.
Pirapora/Buritizeiros,
6/2/2010
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